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Movimento estudantil foi fundamental para implantação da UEMS, diz ex-presidente do DCE

A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UEMS) completa 30 anos no dia 18 de dezembro de 2023. Naquela noite, em Dourados, foram queimadas quatro toneladas de fogos de artifício, durante quinze minutos de espetáculo pirotécnico.

Mais de 15 mil pessoas presentes, prefeitos e autoridades de diversos municípios, coral, Banda do Exército Brasileiro, reunidos no estádio Fred Saldivar, o Douradão para acompanhar o governador Pedro Pedrossian a assinar o ato de criação, e depois assistir, um show da cantora Fafá de Belém.

“Tenho a serena convicção de que instalar uma universidade significa, antes de tudo, pavimentar múltiplos e seguros caminhos para o futuro. Significa assegurar às jovens gerações mais que a importante democratização de oportunidades, mais que a fundamental capacitação técnica e intelectual, garantir à juventude de hoje e de sempre, os conceitos éticos e o conhecimento crítico sem os quais toda a ciência acumulada pouco ou nada valem” destacou Pedrossian, na ocasião.

No entanto, a UEMS somente entrou em funcionamento em 1966, graças a intensa luta de estudantes, professores, reitores e toda comunidade acadêmica, conforme relatou o ex-presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE), advogado e jornalista Márcio Lucio Seraguci, em depoimento gravado para os estudantes.

Ele foi convidado pelo reitor Laércio de Carvalho para representar os ex alunos, na mesa de autoridades nos festejos de 30 anos da instituição.

O presidente do primeiro Diretório de Estudantes conta como nasceu o movimento estudantil, com a criação do DCE.

Ele observa que a instituição foi criada no penúltimo ano do governo Pedrossian em 1993.

No primeiro semestre de 1994, ocorreu o primeiro vestibular, onde integrou primeira turma, iniciada em agosto. Em 1995, o recem empossado governador Wilson Martins cancelou o vestibular, porque sua equipe queria rever a implantação da UEMS.

“ A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul nasceu diferente das demais. Desde seu início o movimento estudantil foi fundamental para sua implantação e sua manutenção”, afirmou em seu depoimento.

A Universidade Estadual foi pensada de forma inovadora. Foi arquitetada para ser no interior, tanto que, em sua primeira configuração, não havia Unidade Universitária prevista na Capital Campo Grande.

“ Ela foi feita para descentralizar o ensino superior para atender as regiões distantes de nosso estado, regiões que nunca teve ensino superior e com implantação da UEMS, passou a ter ensino superior, passou a atender aquela clientela que tanto almeja fazer uma faculdade”, ressaltou Seraguci.

Na formação inicial da Universidade, estavam previstas Unidades nas cidades de Dourados, Amambai, Aquidauana, Cassilândia, Coxim, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas, que deixou de funcionar em 1996).

De forma inédita no país, a proposta era que as Licenciaturas fossem rotativas, ou seja, abria-se o vestibular para um curso, por quatro ofertas consecutivas e, quando a demanda da região estivesse atendida, o curso iria para outra Unidade Universitária.

Mudança de governo breca implantação

O cenário de dificuldades para a implantação da Universidade Estadual começou logo após a posse da reitora eleita, Leocádia Aglaé Petry Leme, e o vice-reitor, Luiz Antônio Alvares Gonçalves. Eles tomaram posse em 13/12/1994 e, logo em seguida, em 12/01/1995, foram destituídos do cargo, sendo declaradas nulas suas nomeações para a reitoria.

Assim que o governador eleito, Wilson Martins, tomou posse, nomeou Sandra Luiza Freire como reitora para o-tempore da UEMS. Wilson Martins, durante a campanha eleitoral, questionava a legalidade da criação da Universidade, alegava que, por ser ano eleitoral, tudo tinha sido feito às pressas por Pedrossian.

Uma pesquisa de doutorado de Ana Vendramini Reis, publicado em 2016 pela Universidade Metodista de São Paulo, revela que, o primeiro ofício da administração de Wilson Barbosa Martins foi uma mensagem ao Ministro da Educação, solicitando que ele não efetuasse a autorização da Universidade até que se pudesse rever a sua estrutura administrativa e o projeto pedagógico.

Na ocasião, a UEMS tinha 830 alunos e ainda nenhum de seus 18 cursos reconhecidos e aprovados pelo Ministério da Educação. O Secretário de Educação, Aleixo Paraguassu alegava dificuldades com relação ao projeto da Universidade, “por ter sido implantado de última hora”. Afirmou na época que o vestibular de 1995 não seria realizado e a expectativa de abertura de novos cursos, adiada, bem como unidades reduzidas.

Após nove meses fora do cargo, o Tribunal de Justiça do Estado concedeu liminar favorável ao pedido de reintegração de posse à Reitora Leocádia e ao vice-reitor Luiz Antônio, que reassumiram a reitoria da UEMS no dia 26 de outubro de 1995, com a missão de retomar o processo de autorização da Universidade junto ao Ministério da Educação, no entanto, sem o apoio do Governo de Wilson Martins, que nomeou uma comissão interventora para regularização legal da UEMS.

“ Com a mudança de governo, os boatos foram muitos. As informações eram de que algumas unidades seriam fechadas, muitos cursos seriam eliminados. Foi aí que nasceu o movimento estudantil, foi aí que nós sentimos a necessidade de criação do DCE, o Diretório Central dos Estudantes”, observou.

“Logo no início, nós tivemos a infeliz notícia de que as unidades seriam reduzidas a três ou quatro. A grande maioria dos estudantes, não satisfeitos com essa situação, se mobilizaram, se uniram em torno de um ideal. A manutenção de todas as unidades da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Nós não aceitávamos de maneira alguma, a diminuição de cursos, a diminuição de unidades. O movimento se fortaleceu”, comentou o ex líder estudantil.

“Por várias vezes, nós fomos até a Assembleia Legislativa, onde alunos de todas as cidades, onde existiam unidades e onde existem unidades em Mato Grosso do Sul, estiveram nas galerias da Assembleia, solicitando, fazendo com que os deputados se comprometessem com a nossa causa”, lembrou Márcio.

Em 25 de abril de 1996, o Secretário de Educação, Aleixo Paraguassu, anunciou que iria encaminhar para o Conselho Estadual de Educação e ao Ministério da Educação uma proposta de redução de mais de 50% da estrutura da Universidade, que iria diminuir de 18 para oito os cursos e de 15 para seis o campus, devido à falta de recursos. Seriam mantidas apenas as unidades de Dourados, Aquidauana, Jardim, Amambai, Coxim, Ivinhema e Paranaíba.

Os ânimos aqueceram na Universidade e os alunos fizeram manifestações. Então com 30 anos, Marcio Lucio Serguei conta como foram as ações.

“Estávamos todos em Dourados, quando o governo do estado, através do secretário de Educação, anunciou que metade das unidades seriam fechadas, as outras unidades continuariam. Mas naquele momento metade dos que estavam presentes, naquele conselho, ficaram contentes. A outra metade, chorava desesperada, achando que havia chegado ao fim a luta pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul”, rememorou.

‘Naquele momento, sábiamente, propomos no Conselho que fosse dado um prazo de dois a tres dias, para que o governo do estado revisse aquela posição. Naquele momento, todas as unidades, optaram por não aceitar aquela situação, mesmo aquelas unidades que foram beneficiadas, ficaram do lado daquelas que haviam sido eliminadas, exigindo que a universidade estadual de Mato Grosso do Sul fosse mantida da maneira como ela foi implantada”, explica.

Depois de todas as manifestações o governo acabou voltando atrás com a decisão e manteve as 15 unidades da UEMS

Seraguci lembrou os momentos conturbados: ameaça de fechamento ou diminuição de unidades, intervenção do governo, retirada da reitora eleita e nomeação de uma reitora para o-tempore.

Para ele, o que mais marcou para as pessoas que viveram todos estes acontecimentos, foi a união. “ Os estudantes sempre tomaram a frente em todos os momentos. Nós fizemos o que podíamos fazer. Nós lutamos pela implementação e manutenção da Universidade até sua autorização. O nosso diretório central de estudantes foi criado, no seu estatuto para lutar pela implantação. E assim que tivéssemos a autorização, teríamos que realizar novas eleições para outros estudantes assumirem o comando do Diretório Central e da liderança estudantil” esclareceu.

Seraguci conclamou os estudantes, os calouros que estão ingressando, para que assumas responsabilidades, “para fazer desta Universidade, uma Universidade forte para fazer um futuro bem melhor para o estado de Mato Grosso do Sul”.

Fonte: André Giuliano Mazini, Eduarda Rosa -Uems 25 anos-.

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